Você está deixando A Medida do Abraço

Você será redirecionado para um site externo gerenciado por uma empresa terceira, que facilita a conexão entre pacientes e médicos, através da tecnologia da telemedicina. Informamos que esta empresa terceira é inteiramente responsável por todo conteúdo e gestão deste site. Clique em continuar para prosseguir com o acesso ou feche essa janela para retornar.
Mexa-se sempre que puder!

Mexa-se sempre que puder!

Fazer exercício nem sempre compensa o tempo em que seu corpo fica parado.

Homem levantando pesos

Até mesmo quem reserva um horário na semana para treinar passa um tempo do dia tendo o que se define como comportamento sedentário. É quando a gente joga conversa fora no sofá, assiste à tevê, trabalha à mesa… Os exemplos são infinitos. Mas, em resumo, você está em comportamento sedentário quando seu corpo fica sentado, reclinado ou deitado, simples assim.¹⁻²

E tudo bem que alguns desses momentos são necessários. Outros, são puro descanso (às vezes, necessário também!). No entanto, quando o tal do comportamento sedentário toma conta de boa parte do seu dia sem você se dar conta, o coração sofre. E o ponto de partida para a ciência entender isso foi um estudo britânico feito ainda nos anos 1950.³
Nele, os pesquisadores compararam a saúde dos motoristas e dos cobradores de bonde em Londres. E o infarto era muito mais frequente em quem permanecia sentado ao volante. Ora, naquela época, o cobrador ficava caminhando de banco em banco para ver se a pessoa tinha o bilhete. Essa descoberta disparou uma onda de estudos para mostrar a importância do exercício para o coração e para comparar trabalhadores que ficavam mais parados e mais em movimento.⁴

homem com garrafa

O que custamos a entender

Só mais recentemente, porém, os cientistas compreenderam que o conjunto de reações benéficas que acontecem no nosso corpo enquanto a gente se exercita não é o oposto das reações que ocorrem com ele parado, como se fosse uma imagem no espelho ou invertida. Por não ser o “contrário”, isso quer dizer que fazer exercício nem sempre compensa o tempo que você fica parado.⁵

Experiências com ratos mostram que, quando eles correm em uma rodinha, aumenta a sensibilidade do seu organismo à insulina, aquele hormônio que bota a glicose que está no sangue para dentro das células. Se a tal rodinha é retirada da gaiola, em dois dias o efeito positivo desaparece e essa sensibilidade fica igual à dos animais que não fizeram exercício, mas que, apesar disso, continuaram caminhando, ora para beber água, ora para fuçar algum canto.⁶

É bem diferente do que acontece se você suspende o bichinho e os músculos das patas não têm nem de fazer força para sustentar o corpo: aumenta a formação de placas de colesterol nas artérias e isso não se reverte completamente quando, depois, os mesmos ratos são colocados para fazer ginástica.⁷

A dedução que começou a se esboçar a partir de trabalhos assim é a seguinte: inatividade física, isto é, não treinar ou não fazer um esporte ou até mesmo insuficiência de atividade física, que é fazer menos exercício do que a gente deveria, nunca foi sinônimo de sedentarismo.⁷


 

Olhando para aquele antigo estudo que praticamente deu início a tudo, hoje os especialistas sabem que os motoristas de bonde morriam mais do coração não só porque não faziam exercício, mas porque passavam muito tempo sentados. Por isso, mesmo que você treine para valer, inclua mais movimento no seu dia a dia.  Pelo seu coração, levante-se da cadeira e caminhe de vez em quando.⁸

 

1. Tremblay MS, LeBlanc AG, Kho ME, Saunders TJ, Larouche R, Colley RC, Goldfield G, Connor Gorber S. Systematic review of sedentary behaviour and health indicators in school-aged children and youth. Int J Behav Nutr Phys Act. 2011 Sep 21;8:98.
2. Patterson R, McNamara E, Tainio M, de Sá TH, Smith AD, Sharp SJ, Edwards P, Woodcock J, Brage S, Wijndaele K. Sedentary behaviour and risk of all-cause, cardiovascular and cancer mortality, and incident type 2 diabetes: a systematic review and dose response meta-analysis. Eur J Epidemiol. 2018 Sep;33(9):811-829.
3. Morris JN, Heady JA, Raffle PA, Roberts CG, Parks JW. Coronary heart-disease and physical activity of work. Lancet. 1953 Nov 21;262(6795):1053-1057.
4. Hawley JA, Joyner MJ, Green DJ. Mimicking exercise: what matters most and where to next? J Physiol. 2021 Feb;599(3):791-802.
5. Hamilton MT, Healy GN, Dunstan DW, Zderic TW, Owen N. Too Little Exercise and Too Much Sitting: Inactivity Physiology and the Need for New Recommendations on Sedentary Behavior. Curr Cardiovasc Risk Rep. 2008 Jul;2(4):292-298.
6. Kump DS, Booth FW. Alterations in insulin receptor signalling in the rat epitrochlearis muscle upon cessation of voluntary exercise. J Physiol. 2005 Feb 1;562(Pt 3):829-38. doi: 10.1113/jphysiol.2004.073593.
7. Tremblay MS, Aubert S, Barnes JD, Saunders TJ, Carson V, Latimer-Cheung AE, Chastin SFM, Altenburg TM, Chinapaw MJM; SBRN Terminology Consensus Project Participants. Sedentary Behavior Research Network (SBRN) - Terminology Consensus Project process and outcome. Int J Behav Nutr Phys Act. 2017 Jun 10;14(1):75.
8. Le Roux E, De Jong NP, Blanc S, Simon C, Bessesen DH, Bergouignan A. Physiology of physical inactivity, sedentary behaviours and non-exercise activity: insights from the space bedrest model. J Physiol. 2022 Mar;600(5):1037-1051. doi: 10.1113/JP281064.