Entenda os danos do sobrepeso ao coração, saúde geral e longevidade. Descubra dicas para evitar e prevenir o excesso de peso e gordura abdominal.
Publicado em: 25 de Agosto
O sobrepeso e a obesidade são condições caracterizadas pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo, que podem comprometer significativamente a saúde. A gordura localizada principalmente na região abdominal, conhecida como gordura visceral, tem um papel ativo na gênese de processos inflamatórios que prejudicam o metabolismo e aumentam riscos de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos.
No Brasil, mais da metade da população adulta enfrenta o sobrepeso, reflexo de uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais e hábitos de vida, como sedentarismo e alimentação inadequada.
Estes fatores contribuem não só para o aumento do peso corporal, mas também para o surgimento de doenças que afetam a qualidade e a expectativa de vida.
Neste artigo, serão explorados os efeitos do sobrepeso, especialmente sobre a saúde do coração e do organismo como um todo, além de estratégias fundamentadas na prevenção e no controle do excesso de peso.
Nosso objetivo é oferecer uma visão ampla e baseada em evidências para auxiliar na compreensão e no enfrentamento desse problema tão atual e relevante.
O sobrepeso é definido pelo acúmulo excessivo de gordura corporal capaz de comprometer a saúde. Ele é medido pelo Índice de Massa Corporal (IMC), onde valores entre 25 e 29,9 indicam sobrepeso, e acima de 30, obesidade.
No Brasil, mais de 50% da população adulta convive com essa condição, que é muito mais que uma questão estética, representando um sério problema de saúde pública.
O maior perigo está na gordura visceral, aquela que se acumula ao redor dos órgãos internos, como fígado e pâncreas. Diferente da gordura subcutânea, a visceral é “invisível”, mas altamente ativa, pois libera hormônios e substâncias inflamatórias (citocinas, adipocinas) que promovem um estado de inflamação crônica no organismo.
Essa inflamação interfere no metabolismo e está associada ao desenvolvimento da síndrome metabólica, caracterizada por hipertensão, resistência à insulina, glicose alta e desequilíbrios no colesterol.
O sobrepeso surge da complexa interação entre fatores genéticos, hormonais, ambientais e comportamentais. Em essência, ocorre quando o consumo calórico é maior que o gasto energético do organismo, levando ao acúmulo progressivo de gordura corporal.
Cerca de 47% dos brasileiros são sedentários, o que significa que praticam pouca ou nenhuma atividade física regular. Essa falta de movimento reduz significativamente o gasto calórico diário, facilitando o armazenamento de energia sob a forma de gordura.
O sedentarismo afeta negativamente o metabolismo e a sensibilidade à insulina, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas. A urbanização, o avanço do uso de telas e a rotina de trabalho contribuem para essa tendência, tornando essencial inserir exercícios no cotidiano para a prevenção do sobrepeso e suas complicações.
O consumo elevado de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras trans, sódio e aditivos químicos, está diretamente ligado ao aumento do peso corporal. Fast food, refrigerantes, doces industrializados e snacks são baratos, convenientes e estimulam o consumo excessivo, conhecido como overeating.
Esses alimentos têm baixa densidade nutricional, promovendo o acúmulo de gordura principalmente na região abdominal (visceral), que é a mais prejudicial à saúde. A prática frequente desse padrão alimentar favorece a resistência à insulina, inflamação crônica e alterações no perfil lipídico.
O estresse constante eleva os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, no sangue. O cortisol tem efeito direto sobre o metabolismo, aumentando o apetite, especialmente para alimentos calóricos, e promovendo o depósito de gordura abdominal.
O aumento dessa gordura visceral não só piora o perfil metabólico, mas também estimula um ciclo vicioso, já que o estresse pode levar ao comer emocional. A regulação inadequada do hormônio afeta ainda outros sistemas, prejudicando a qualidade do sono e a resposta imunológica.
Dormir menos de 7 horas por noite desregula os hormônios que controlam a fome e a saciedade: a grelina (que estimula o apetite) aumenta, enquanto a leptina (que sinaliza saciedade) diminui.
Isso provoca aumento da fome, maior ingestão calórica e preferência por alimentos ricos em açúcar e gordura. A privação de sono também prejudica o metabolismo e a função hormonal, influenciando o ganho de peso e dificultando a perda dele.
Desequilíbrios hormonais, como resistência à insulina e alterações na função da tireoide, podem incentivar o ganho de peso. A resistência à insulina faz com que o corpo acumule glicose no sangue e armazene gordura, principalmente na região abdominal.
Problemas na tireoide, como hipotireoidismo, diminuem o metabolismo basal, tornando o corpo menos eficiente na queima de calorias. Além disso, hormônios produzidos pelo tecido adiposo, como a leptina, podem ter sua sinalização alterada, comprometendo o controle do apetite e do gasto energético.
O ambiente em que a pessoa vive exerce papel fundamental no risco de sobrepeso. A urbanização, com menor oferta de espaços para atividades físicas e maior facilidade no acesso a alimentos calóricos, cria condições para hábitos pouco saudáveis.
A influência cultural, publicitária e o estresse socioeconômico também contribuem para escolhas alimentares inadequadas e sedentarismo. Locais com poucas opções de alimentos frescos e saudáveis elevam a prevalência do consumo de ultraprocessados, agravando o problema.
Reconhecer, entender e trabalhar para modificar esses fatores, comportamentais, hormonais, genéticos e ambientais, é essencial para prevenir e controlar o sobrepeso, protegendo a saúde do corpo e do coração.
O coração é o "chefe" do organismo, responsável por bombear sangue, oxigênio e nutrientes. Esse "chefe" sofre diretamente com o excesso de peso, sobretudo da gordura visceral.
Estudos indicam aumento de até 64% no risco de doença arterial coronariana e 48% em insuficiência cardíaca em pessoas com sobrepeso ou obesidade.
O sobrepeso e a obesidade afetam múltiplos sistemas do corpo, desencadeando uma cadeia de problemas que vão muito além do coração, impactando a qualidade de vida, produtividade e aumentando os custos com saúde pública.
O diabetes tipo 2 é a complicação metabólica mais comum associada ao sobrepeso. A gordura visceral acumulada em órgãos importantes provoca resistência à insulina, um hormônio responsável por regular a glicose no sangue.
Essa resistência faz com que o pâncreas produza mais insulina até não conseguir mais compensar, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue. O diabetes tipo 2 aumenta em até sete vezes o risco cardiovascular, contribuindo para infartos, derrames e outras complicações graves.
O acúmulo de gordura no fígado, também chamada de esteatose hepática, é uma consequência direta do excesso de gordura corporal.
A esteatose pode ser silenciosa no início, mas pode progredir para inflamação do fígado (esteato-hepatite), cirrose e até câncer hepático, mesmo em pessoas que não consomem álcool em excesso. O fígado sobrecarregado contribui para a alteração do metabolismo lipídico e aumento do colesterol ruim.
A apneia do sono é caracterizada por interrupções temporárias da respiração durante o sono, causadas pelo estreitamento das vias aéreas, agravado pela gordura acumulada na região do pescoço.
Essa condição provoca roncos, sono fragmentado e cansaço diurno, além de elevar a pressão arterial e o risco de doenças cardiovasculares. A apneia do sono não só prejudica a qualidade de vida, como também tem impacto direto no funcionamento do coração e cérebro.
O excesso de peso impõe maior pressão sobre articulações como joelhos, tornozelos e coluna vertebral. Essa sobrecarga aumenta o desgaste das cartilagens, favorecendo o desenvolvimento de osteoartrite e dores crônicas.
A limitação de movimento causada pela dor pode reduzir a prática de atividades físicas, criando um ciclo vicioso que dificulta a perda de peso e agrava o problema.
A obesidade provoca um quadro de inflamação crônica sistêmica que enfraquece o sistema imunológico, tornando o corpo mais suscetível a infecções e doenças autoimunes.
Essa inflamação contínua também prejudica a regeneração celular e a resposta imune eficiente, aumentando o risco geral de doenças.
Estudos científicos associam o excesso de gordura corporal ao aumento do risco para diversos tipos de câncer, incluindo mama, próstata, cólon, esôfago, entre outros.
A produção excessiva de hormônios, como estrogênio, pelo tecido adiposo e o estado inflamatório crônico são fatores que estimulam o crescimento de células malignas.
Mulheres com sobrepeso têm maior incidência de síndrome dos ovários policísticos, uma condição que afeta a fertilidade e provoca desequilíbrios hormonais.
Homens podem apresentar disfunção erétil, muitas vezes causada por má circulação e alterações hormonais associadas à obesidade.
Depressão e ansiedade são comuns em pessoas com sobrepeso. A pressão psicológica social, associada ao desconforto físico e alterações químicas no cérebro causadas pela gordura visceral, pode levar a comportamentos alimentares emocionais, piorando o quadro e aumentando ainda mais o peso.
Esses impactos multifacetados do sobrepeso mostram que ele é uma condição que compromete a saúde global do organismo, exigindo atenção e estratégias integradas para prevenção e tratamento.
O sobrepeso e obesidade podem reduzir significativamente a expectativa de vida. Pessoas com obesidade mórbida podem perder até 8-10 anos de vida saudável devido à maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e diabetes.
No Brasil, estima-se uma redução média de aproximadamente 3,3 anos na longevidade de quem está acima do peso. Crianças obesas também apresentam expectativa de vida reduzida se não emagrecerem.
Por outro lado, perder entre 5-10% do peso corporal pode trazer ganhos expressivos à saúde cardiovascular e aumentar anos de vida com qualidade.
A prevenção do sobrepeso está ao alcance de todos, através da adoção de hábitos saudáveis e sustentáveis no dia a dia.
O sobrepeso e a obesidade são desafios complexos, mas perfeitamente evitáveis e controláveis. O excesso de gordura, especialmente a visceral, representa uma grande ameaça à saúde do coração e do organismo como um todo, reduzindo a qualidade e expectativa de vida.
Com conhecimento, pequenas mudanças no estilo de vida, prática de exercícios, alimentação equilibrada e acompanhamento médico, é possível melhorar significativamente a saúde e prevenir doenças graves.
Lembre-se: o coração é o chefe do seu corpo, cuide bem dele! Seu futuro agradece.
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